Geralmente as pessoas com Anorexia ou Bulimia chegam ao consultório com alguns diagnósticos que elas mesmas fizeram, devido a buscas na internet e por outros meios.
As “culpas” mais comuns para esses problemas são colocadas sobre a relação com os pais; a pressão pela magreza exercida pela mídia; ou até mesmo uma doença. Por isso, cuidado ao pesquisar no Google, por mais que ele tenha todas as respostas, não quer dizer que estejam certas.
Não há uma resposta simples para definir a causa desses transtornos alimentares, uma vez que são causados por um número muito grande de situações e problemas, variando ainda mais com a singularidade de cada pessoa.
Se formos apontar de forma simplória de onde deriva o problema, podemos dizer que de uma combinação de predisposição genética e fatores de risco ambientais.
Fatores gerais de risco
Os fatores de risco gerais referem-se a condições não modificáveis que geralmente aumentam o risco de desenvolver um distúrbio alimentar; em particular, os fatores são:
• Sexo feminino.
• Adolescência e início da idade adulta.
• Viver em uma sociedade ocidental.
• A exposição aos meios de comunicação que enfatizam a magreza.
• A identificação com o ideal de magreza.
Estudos mostraram que durante os últimos cinquenta anos, as modelos têm diminuído progressivamente o seu peso corporal médio, o IMC (índice de massa corporal), além do aumento significativo na frequência de imagens que expõem o corpo inteiro das modelos, sem cobertura, em comparação com os anos 50, quando era retratado o rosto.
Fatores de risco individuais
Pessoas com experiências negativas quanto ao corpo geralmente tem susceptibilidade maior para esses tipos de transtorno:
• Abuso sexual.
• Experiências de troca de peso e do formato do corpo.
• Atividades de trabalho ou de lazer que estimulam a magreza.
• Obesidade.
• Traços de personalidade perfeccionista.
• Dificuldade em tolerar emoções.
• Baixa autoestima ou depressão.
• Transtornos de ansiedade.
Fatores de risco familiar
Algumas pesquisas indicam que condições presentes na família podem aumentar o risco de desenvolver um distúrbio alimentar. Os dados indicam, por exemplo, que as famílias de pessoas que sofrem de obesidade e/ou transtorno alimentar têm risco de desenvolver a doença, cerca de dez vezes maior do que aqueles sem.
Pude observar em minha caminhada como psicoterapeuta que a preocupação com alimentos e peso, típico de anorexia ou bulimia, por vezes, é uma manifestação de um problema mais profundo da sua identidade. A doença geralmente se manifesta em “boas meninas”, que ficam tentando agradar seus pais; a anorexia representa para a mente uma última tentativa de encontrar uma identidade, através da “disciplina do corpo”, um senso de individualidade e segurança; basicamente, os pacientes transformam sua angústia em preocupações com o peso e alimentos.
Outros aspectos familiares que podemos observar é a falta de limites pessoais, onde os laços de dependência são muito fortes e há um alto nível de emoção expressa: todos pensam da mesma forma e quando há diferenças, são extremo opostos. Nessas famílias, geralmente há um envolvimento excessivo de membros individuais na vida de todos os outros.
Estudos recentes também mostram que traços perfeccionistas, personalidade obsessiva ou julgadora pode favorecer o desenvolvimento de um transtorno alimentar em crianças. Finalmente, a presença de problemas familiares, como um estado de depressão ou alcoolismo em casa, pode ter um papel na gênese da doença.
Os transtornos alimentares devem ser tratados com Psicoterapia, seja ela online ou presencial. Muitas vezes, há necessidade de acompanhamento de toda família, para entendermos seu funcionamento global, encontrando as disfuncionalidades que impactam no paciente.