Perdoar uma traição, sem dúvida, não é uma tarefa fácil, muitas vezes o resultado é irreparável, levando ao fim do relacionamento amoroso. Geralmente a traição vem como um alerta, para que os parceiros se perguntem se realmente querem ficar juntos ou separados. Nesse caso o problema pode ser funcional para a relação.
Leia o Artigo: A Traição pode ser funcional para a relação?
O fantasma da traição vive no inconsciente de cada um. Afinal, quem já não pensou como seria dar uma escapadinha com uma pessoa conhecida ou até mesmo com uma pessoa com que cruzou na rua? Entretanto, a traição é considerada uma das maiores feridas que um parceiro pode causar ao outro. Uma ferida que pode ser levada para a vida, tanto da relação quanto da autoestima de ambos.
Perdoar uma traição definitivamente não é fácil, isso porque ser traído evoca muitos sentimentos, muitas vezes ambivalentes sobre a confiança colocada no outro, a culpa e desvalorização de si, medo de abandono, humilhação, raiva e agressão.
Nas mulheres é comum gerar dependências emocionais ou até ciúmes patológicos. Nos homens, pode gerar insegurança, se tornando uma pessoa com dificuldade de se deixar amar, chegando a provocar até mesmo problemas sexuais como a disfunção erétil psicológica.
Círculo vicioso
Sem prejudicarmos as peculiaridades de cada caso, no entanto, acredito que perdoar uma traição pode criar dificuldades adicionais para os dois parceiros, tanto para o infiel, quanto para a “vítima”, deixando-os em um impasse desastroso entre o gostar da pessoa e a insegurança de ser traído novamente.
Quando a relação não acaba, muitas vezes continuar é um caminho de infinita tensão, onde um vai estar em dívida constante para com o outro (vítima); o “perdoar” acaba assim alimentando recriminação, a desconfiança e a opressão. Como se aquele que traiu tivesse que pagar pelo que fez.
Mesmo que a alternativa certa pareça ser a de sair da relação, o resultado ainda poderá ser insatisfatório para ambos, porque nenhum deles terá aprendido nada com o que aconteceu e/ou mesmo assim gerou traumas e vícios.
Recuperando o respeito
Mesmo quando a traição não é uma busca constante, pode ocorrer em um determinado momento da vida do casal, como resultado de uma criatividade que os dois não tiveram, da incapacidade de lidar ou se comunicar, e até mesmo da falta de carinho.
O infiel mesmo assumindo a responsabilidade pelo seu ato, se perdoando graciosamente pelo que aconteceu, ou dando vazão à fúria destrutiva que é colocada contra ele, não vai aliviar a dor que situações como estas acarretam no seu Eu.
Querendo ser provocador, poderíamos dizer que, de certa forma, não se pode perdoar uma traição, no sentido de que, em qualquer acontecimento a partir desse ponto em diante, “nada será como antes”. Teremos duas relações, uma antes e uma depois, isso porque quebra a imagem idealizada que um parceiro tinha do outro.
Infidelidade rompe o vínculo de confiança em que um relacionamento ocidental está fundamentado: reconstruir não é um ato de benevolência, mas um questionamento de como ambos os parceiros se percebem e se relacionam.
Mesmo o perdão sendo algo completamente difícil de realmente acontecer, é possível sim! Partimos do pressuposto que todas as pessoas erram, e dar uma chance pode ser algo bom e vantajoso para os dois lados. Entretanto, pode levar tempo e longos meses de terapia.
Para que possa ser dado um direcionamento nessa questão, o ideal é Psicoterapia de Casal (Online ou Presencial). O objetivo não é se manter juntos a todo custo, mas para começarem um caminho juntos em uma nova base ou, separarem de forma consciente, recuperando em ambos os casos, o respeito ao outro e a si próprio.
Já para quem ficou com algo mal resolvido, gerando sofrimento e angústias, além da Psicoterapia, é possível utilizar da Reprogramação Mental (Online ou Presencial) para forçar uma superação.